O Dia Que Eu Queria Que Nunca Tivesse Acontecido.

Foi numa manhã de Terça-Feira que o pior dia da minha vida de casado começou.
Enquanto eu navegava pelo facebook, uma criatura me mandou uma foto sem roupas no In Box, a tela abriu bem na hora que o meu marido estava chegando perto de mim e me viu quando cliquei no nome da criatura para abrir o perfil e bloqueia-lo, mas o meu amor não entendeu assim.
Começou a gritar comigo e me esculhambar usando todos os palavrões que ele conhecia.
Ele estava de pé, na minha frente, quando fiz menção de levantar da cadeira, ele me deu um tapa no rosto.
Na hora, eu deixei o rosto virado, fechei o olho e contei até 10 em pensamento para não voar no pescoço dele. Eu não conseguia mais ouvir uma palavra do que ele dizia.
Quando foi me controlando, senti um negócio quente escorrendo pelo meu rosto, ao colocar a mão e olhar, era sangue.
No tapa, ele cortou o meu rosto com a aliança.
Olhei pra ele com um monte de sentimentos borbulhando dentro de mim: o meu amor por ele, a raiva por ter tomado um tapa sem merecer, o amor próprio. Mas teve um que gritou mais alto: se você não tomar uma atitude, ele pode fazer de novo e pior da próxima.
Eu precisava tomar uma atitude mas eu nunca levantaria a mão pra bater nele.
Empurrei-o apenas para tira-lo da minha frente e fui cego por esses sentimentos pro banheiro onde lavei a ferida e coloquei um pequeno curativo.
Do lado de fora, tentando entrar, ele batia e gritava me pedindo desculpas.
Abri a porta passei por ele, fui ao quarto, peguei uma outra camisa e troquei porque a outra estava suja de sangue.
Ele tentava falar comigo mas eu desviava e não falava nada. Um A não saia da minha boca.
Quando sai do quarto e passei pelo corredor, fui tirando a aliança do dedo e coloquei ela no rack da sala perto da TV antes de passar pela porta.
Ele pegou a aliança, correu atrás de mim, bateu a porta do carro antes de eu entrar, pegou a minha mão e colocou de novo a aliança no meu dedo e falava um monte de coisas que não tenho a menor noção do que eram.
Entrei no carro e fui trabalhar.
Sozinho, chorei. Não sabia o que fazer. Tomei um tapa sem motivo e eu precisava fazer alguma coisa. Mas o quê? O que posso eu fazer se eu o amo?
No trabalho, fugi do atendimento direto ao cliente como o diabo da cruz. Não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido, o "porque", em tudo.
No meu intervalo de janta, por volta das 17h30, a comida não descia, tinha o mundo na minha garganta que me impedia de deglutir qualquer coisa.
Ao final do meu dia de trabalho, fui a um barzinho que fica na esquina de traz do meu trabalho.
Sentei à uma mesa na calçada, pedi uma cerveja e comecei a beber sozinho pensando na vida.
Quando comecei a beber a segunda cerveja, um rapaz vem a minha mesa e pergunta se poderia sentar comigo. Disse que sim e ele colou o copo de vodca com energético na mesa e sentou de frente pra mim.
Ele começou a puxar assunto e eu respondia com monossilábicos por não estar conseguindo raciocinar direito por tudo o que tinha acontecido.
Quando o meu novo amigo viu a minha aliança, perguntou o que um cara comprometido fazia na rua às 23h30 num bar, então contei o que tinha acontecido.
Bebi mais duas cervejas e já eram pouco mais da meia noite. Disse ao meu novo amigo que ia embora e ele disse que ia pegar um taxi para ir também, então, ofereci-lhe uma carona.
Ele não morava longe do bar, mas não era seguro andar sozinho na rua aquela hora, assim como não tinha nem sinal de taxi perto de nós.
Ao chegarmos no prédio dele, ele me convidou para subir e fui.
Lá, me deixei levar e transei com o carinha.
Enquanto eu estava dentro dele de frango assado, fazendo os movimento de vai e vem numa velocidade que só se ouvia o barulho dos nossos corpos se batendo, ele falou em meio aos gemidos dele:
- Me faz um carinho.
Eu respondi:
- Tenho que ser carinho com o meu marido, não com bichinhas da rua como você.
Quando eu me ouvi falar isso, me dei conta de toda a situação, da minha falta de caráter, da minha fraqueza e me bateu uma vergonha de mim, do que eu estava fazendo, me deu nojo de mim mesmo.
Eu gozei e o carinha junto comigo. Tirei de uma vez só de dentro dele e joguei a camisinha em cima da cama, me vesti e sai.
No caminho pra casa, o meu sentimento de nojo, de raiva, revolta comigo mesmo pela minha falta de caráter, me faziam ter vontade de jogar o carro de cima de um viaduto e acabar com toda essa merda de uma vez.
Mas nem pra isso eu fui homem e, ao entrar em casa, ao me aproximar da porta do quarto, ela estava entreaberta.
O meu amor estava sentado na cama, chorando convulsivamente, uma lágrima rolou do meu rosto.
Aquilo tudo já havia ido longe de mais. Estava na hora de acabar com tudo aquilo.
Entrei no quarto, sentei na cama e o abracei, começamos a chorar juntos. Ai me lembrei do que eu tinha feito a pouco tempo e levantei de um pulo da cama.
Comecei a falar que eu não merecia o maravilhoso homem que eu tinha em casa que não sou digno de toca-lo, e...
Fui interrompido pelo dedo dele na minha boca e um:
- Calma, passou.
Quando tentei me soltar dele, ele me empurrou na parede, colocou a mão dentro da minha cueca e viu que eu tinha gozado a pouco tempo atrás e ainda tinha lubrificante da camisinha em mim.
Não conseguia olha-lo no rosto, nos olhos.
Ele me pegou pelo queixo, me fez olhar no olho dele e ele me falou:
- Erramos. Os dois erraram. Esse dia não aconteceu e nem vai voltar a acontecer. Mal consegui trabalhar hoje e sei que você também foi igual. Vai tomar um banho no banheiro social e eu vou tomar um na nossa suíte.
Fiz o que ele falou. Liguei o chuveiro bem quente, como se quisesse que ele me queimasse ou desinfetasse da vergonha que eu tinha me apertando o peito.
Quando saí do banheiro ele estava com uma muda de roupa pra mim na mão me esperando. Vesti ali no corredor mesmo, e não conseguia olhar ele nos olhos, tamanha era a vergonha que tomava conta de mim.
Cada um deitou do seu lado da cama e dormiu. Eu demorei muito, quase amanhecendo que consegui dar um cochilo.
Fiquei dias sem conseguir olhar pra ele nos olhos, mas com o tempo, nós dois colocamos uma pedra no assunto e deixamos tudo enterrado no passado.
Tudo isso, nos serviu para aprender que uma conversa é melhor que uma briga, pois a briga pode trazer consequências desastrosas.


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